sábado, 29 de março de 2008

Gasolina e descida de impostos...

A gasolina em Portugal é das mais caras da Europa. Tanto antes como depois dos impostos: vd. http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=931585&main_id=
Em vez de baixar o imposto sobre os combustíveis, o nosso PM decide baixar o IVA, em 1%... descida que, na realidade, ninguém irá aplicar, pois se os ginásios não baixaram 5%, quem é que irá baixar 1%?
As subidas de impostos, tal como as das gasolinas, são sempre para ficar. Se a gasolina desce um cêntimo, coisa rara, é porque na semana anterior subiu 10 e serve apenas para atirar areia aos olhos dos portugueses.
Para os colegas que andam muito na estrada, aqui vai um site com o registo dos combustíveis mais baratos que pode ser pesquisado por localidades: http://www.maisgasolina.com/combustivel-mais-barato/

Protesto de professores apanhou Valter Lemos em Viseu antes de encontro com escolas da DREC

Perto de 50 professores manifestaram-se hoje (28.03.2008) em frente ao Instituto Politécnico de Viseu contra o processo de avaliação do desempenho de docentes. O protesto decorreu quando o secretário de Estado da Educação se preparava para um encontro com conselhos executivos de escolas sob a tutela da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC).

O grupo de docentes, empunhando alguns cartazes e uma faixa onde se lia "Respeitem as escolas e os professores. Demitam-se", concentrou-se junto a uma das entradas dos serviços centrais do instituto, aguardando a chegada de Valter Lemos. Quando o secretário de Estado se preparava para entrar para a reunião, os manifestantes gritaram algumas palavras de ordem, como "vai-te embora Valter Lemos, nós nunca te quisemos" ou "está na hora, está na hora, da ministra ir embora".

"Independentemente de discordarmos deste modelo de avaliação, a principal irresponsabilidade é introduzi-lo nas escolas no terceiro período", defendeu Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), alegando que "os estudantes precisam muito dos seus professores" nesta recta final de ano, mas os docentes vão estar mais preocupados "com a avaliação e os processos que estão em cima da mesa do que propriamente com o trabalho dos seus alunos".

O sindicalista criticou ainda a aprovação pelo Conselho de Ministros das condições para a colocação em situação de mobilidade especial dos professores declarados incapazes para dar aulas.

"Este decreto-lei aprovado ontem vem provar que a ministra da Educação não falou verdade quando disse que nem um só professor passaria para a mobilidade especial", acusou.

Mário Nogueira considera "inaceitável tratarem os professores como material descartável, depois de durante décadas darem o melhor de si nas escolas", acrescentando que, depois de ter o texto final do decreto-lei, a Fenprof irá pedir a verificação da constitucionalidade do diploma.

O sindicalista lamentou que "45 ex-professores que são agora deputados no grupo parlamentar do PS tenham posto acima dos interesses da escola os seus interesses políticos". O sindicalista anunciou ainda que a Fenprof irá divulgar no seu site todos os endereços electrónicos destes deputados, "de forma a que todos os portugueses lhes façam chegar o que pensam desta atitude".

quinta-feira, 27 de março de 2008

Quantas horas trabalha um professor por semana

Neste cálculo apresentado por uma professora de História em
http://professoresramiromarques.blogspot.com/2008/03/o-que-trabalha-um-professor-leia-aqui-e.html
não estão contabilizadas horas para avaliação de professores, porque nem a professora em causa é avaliadora, nem a avaliação está a ser implementada. Nesses casos e quando assim for, como será? Bem que faltarão clínicas e hospitais psiquiátricos para acolher tanta gente.



6 Turmas – 3 de 7º e 3 de 9º, num total de 152 alunos (16 tempos); aulas de substituição (1 tempo); acompanhamento aos alunos na cantina (1 tempo). Sala de Estudo (2 tempos); Direcção de Turma (3 tempos); Coordenadora de Directores de Turma de 7º e 8º ano (2 tempos) + Comissão de Avaliação (0 tempos) Todos os cargos são de aceitação obrigatória. Total 25h (cumprimento obrigatório na escola). Existe + 1 tempo no horário da qual a escola pode dispor.
COMPONENTE LECTIVA
16h de aulas + 2 de Direcção de Turma=18h
COMPONENTE NÃO LECTIVA
1 aula de substituição + 1 tempo de acompanhamento dos alunos na cantina + 2 tempos de sala de estudo + 1 tempo de Direcção de Turma + 2 tempos de Coordenação de Directores de Turma + 1 tempo para Serviço de Escola = 8 tempos
Total da Componente lectiva e não lectiva = 26 tempos marcados no horário
Os restantes tempos até perfazer 35 horas são para reuniões, trabalho individual (preparação de aulas, testes etc.) e outras actividades decorrentes da actividade docente.
Reuniões: Por força desta distribuição de serviço, tenho que estar presente em todas as reuniões – Gerais de Professores (2) Conselho Pedagógico (14); Conselho de Coordenadores de Directores de Turma (3); Conselho de Directores de Turma (3); Reuniões de Departamento (6); Reuniões de Grupo Disciplinar (6); Conselhos de Turma (6x6=36); Reuniões com os Encarregados de Educação (5) ; Comissão de Avaliação (6). Total de 168 horas. Estão contabilizadas as reuniões do 1º e 2º período. Média por semana 6h

Trabalho individual
Preparação de aulas - se destinar a cada turma para preparação de aulas 1 mísera hora dá 6 horas. Se acrescentarmos mais 1 para as aulas de Formação Cívica mais 1 para preparar as actividades da sala de estudo = 8 horas por semana
Nota: se tiver que fazer um plano de aula por turma terei sempre que acrescentar aqui pelo menos mais 30 minutos por cada aula, o que faz aumentar exponencialmente este valor.
Elaboração de testes: no mínimo 3 por período (1 teste diagóstico e 2 sumativos) x 6 = 18 + 3 para os alunos com adaptações curriculares 3 das necessidades educativas especiais = 24
Cada teste exige: a elaboração do teste própriamente dito, com a respectiva cotação + a matriz de correcção. Isto demora em média 2,5h x 24= 60 h
Correcção de testes: atribuindo uma média de 30m para a correcção de cada teste (com lançamento das cotações nas respectivas grelhas, sendo que o somatório já fica por conta do computador) + respectivo comentário x 152 alunos = 76 horas X 3 (testes por período)= 228 h
Nota importante:
Este é todo o trabalho que é possível contabilizar, porque há um sem número de trabalhos que não estão registados. Por exemplo: testes de recuperação, actas; reuniões para o desenvolvimento de projectos, reuniões com a comissão de crianças e jovens em risco, reuniões com as Escolas Profissionais, atendimento a encarregados de Educação ou alunos fora do horário estipulado, Visitas de Estudo que ultrapasam em média as 12 horas de trabalho, a presença para acompanhamento de alunos em actividades diversas.
Não estou a contabilizar as fichas de trabalho, formativas nem a produção de outros materiais, nomeadamente os que coloco na plataforma da escola.
Não estou a contabilizar as horas que passo na Net, por exemplo a responder a dúvidas colocadas pelos alunos em véspera de teste ou nos Fóruns temáticos que se desenvolvem a partir da plataforma.
Juntem a isto o tempo necessário para dar cumprimento às exigências do novo modelo de valiação (?!) e compreenderão que é impossível. Nenhum professor aguenta física e psicológicamente.

Conclusão - trabalho, no mínimo, 51 horas por semana.

Acrecente-se um mínimo de 25 horas de formação anual em horário pós laboral.

Professora de História, do 3º Ciclo, a leccionar o 7º e 9º ano - 28 anos de serviço

Relatório britânico: culpa da indisciplina é de pais demasiado permissivos


Um estudo da Universidade de Cambridge, encomendado pela National Union of Teachers, resultante de entrevistas a 200 professores e centenas de pais e crianças, compara o trabalho dos docentes entre 2002 e 2007, e chega à conclusão de que a crescente indisciplina dos alunos se deve a pais demasiado permissivos.
Nas escolas primárias verifica-se que os pais não sabem lidar com o comportamento dos filhos, mas que, por outro lado, se comportam de forma até violenta para defenderem os interesses dos filhos.
Leiam os resultados em:

http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2008/03/22/nedu122.xml
em
http://education.guardian.co.uk/pupilbehaviour/story/0,,2267433,00.html
ou em
http://www.independent.co.uk/news/education/education-news/parents-indulgence-blamed-for-bad-conduct-799296.html

Se quiserem saber se são pais demasiado indulgentes, façam o teste presente em:
http://quiz.ivillage.com/parenting/tests/indulge.htm.

Violência nas escolas: urge implementar medidas eficazes

A violência está implantada na escola, como o próprio PGR reconhece, mas os nossos governantes fecham os olhos. Maria de Lurdes Rodrigues minimiza a dimensão da violência nas escolas, como referiu o PGR em Novembro passado. Valter Lemos assobia para o lado minimizando os alertas do PGR e diz que a violência vem do exterior das escolas...
Estes são os resultados de três anos de uma política desastrosa de Educação, apostada na diabolização do professor, na destruição da autoridade do professor, no facilitismo que permite aos alunos fazerem o que quiserem na sala de aula ou faltar às próprias aulas sem que sejam penalizados nem reprovados. Os professores são duplamente penalizados se quiserem reagir, pois além de sofrerem a indisciplina e a falta de educação na própria sala de aula (para não falar da recusa da outra educação – o estudo – que, com este sistema de avaliação de professores, os vai penalizar ainda mais), são castigados com a enorme burocracia de relatórios e contra-medidas, etc. etc. obrigados a elaborar em casos deste género, pois nas escolas tem imperado cada vez mais o duplex, o triplex, o quadriplex, o quintuplex e por aí fora: ainda lá não chegou o simplex.
Mas os resultados mais graves irão aparecer daqui por quinze ou vinte anos quando estes jovens, que hoje frequentam as escolas, assumirem o destino do nosso país. Estes, que são o futuro de Portugal, não estando habituados à disciplina e a cumprir e a obedecer a regras também não saberão lidar com elas no seu futuro emprego. Que geração é esta que estamos a criar, habituada ao facilitismo e à indisciplina? É que a sociedade tem regras, algo que muitos destes meninos ainda não descobriram!
Os políticos, do Presidente da República aos deputados, e sobretudo os governos desta última década têm culpas em todo este processo.
A falta de apoio às famílias, designadamente o abono de família miserabilista que existe em Portugal, é responsável por esta situação. Numa família, ambos os cônjuges sentem-se obrigados a trabalhar para equilibrarem o orçamento familiar. O resultado é uma clara falta de acompanhamento dos filhos, que crescem na rua, sem educação, em contacto com a droga, a violência e a criminalidade. Noutros países europeus, os subsídios são tais que não compensa a que os dois pais trabalhem. Logo, um deles, pai ou mãe, fica em casa a cuidar dos filhos, acompanhando mais de perto o crescimento dos filhos, educando-os devidamente. Pode sair caro ao Estado, mas acaba por sair barato no que diz respeito a custos sociais: é um investimento no futuro da segurança, na promoção de relações familiares sãs, de uma boa convivência social. Era nisto que um partido que se diz socialista deveria apostar!
Voltando ao ensino, as turmas também são demasiado grandes. As consequências nefastas desta situação são múltiplas. Enuncio apenas duas: tornam-se mais difíceis de controlar, no que concerne à disciplina, e são mais difíceis de acompanhar, do ponto de vista pedagógico, pois o professor não tem oportunidade de dedicar a devida atenção a cada um dos alunos. Se as turmas tivessem metade dos alunos, não eram necessárias aulas de apoio. Por outro lado, resolvia-se o problema do desemprego de mão de obra qualificada existente e que tem sido dispensada em massa nestes últimos três anos.
Mas os apoios directos aos dois tipos de educação aqui preconizados – educação por parte dos pais e educação enquanto ensino por parte de professores – saem caros. Sai cara uma aposta efectiva e determinada no apoio às famílias. Sai cara uma aposta clara numa educação mais eficaz recorrendo a um ensino mais personalizado. Sim sai cara a educação, nos dois sentidos do termo, mas não era este o Primeiro Ministro que, em 2005, gostava de afirmar à boca cheia que “Os que dizem que a educação é cara não sabem o preço da ignorância” (vd. e. g. http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1229490&idCanal=12).
Pois bem, senhor Primeiro-Ministro, chegou a vez de o povo lhe dizer: “Se acha a educação cara, experimente a ignorância”. Se o governo está mesmo decidido a apostar na educação, apoie as famílias em condições e reduza o número de alunos por turma, de outra forma fica-se pela aposta na ignorância ou por todas aquelas afirmações, há 3 anos atrás não terem passado de mais um bluff, como muitos outros.
Quanto à violência nos recintos escolares, há duas medidas essenciais e urgentes, dado o estado avançado de indisciplina que se vive por todo o lado (basta ver os muitos vídeos publicados no Youtube, alguns dos quais começaram a ser retirados com receio de penalizações):

  • Coloquem nas salas de aula e nos recintos escolares câmaras de filmar, com intuitos exclusivamente disciplinares, começando pelas escolas mais problemáticas. E que essas filmagens sejam mostradas aos paizinhos (sobretudo aos que não acreditam que o seu filhinho se porte mal) e tenham consequências disciplinares severas nos casos mais graves. Não me venham com a história do Big Brother ou de ser um perigo para a democracia. Na Inglaterra, país de longas tradições democráticas, já começou a fazer isso e com bons resultados. Em França, país da liberdade, igualdade e fraternidade, já se instalaram câmaras em autocarros e metropolitanos com ligações directas às forças políciais. Há várias autarquias portuguesas que pensam em instalar câmaras de vigilância em espaços públicos. Por outro lado, os professores não devem recear que as câmaras possam ser utilizadas para controlar o seu trabalho, pois isso deveria ficar acautelado por lei. Sobretudo os de escolas problemáticas sentir-se-ão mais seguros e mais protegidos com a presença dessas câmaras e verão a sua autoridade reforçada. É como as câmaras colocadas nos carros de patrulha da polícia francesa, que podem ser utilizadas em tribunal: servem para segurança dos agentes e para confirmar a falsidade de acusações de abuso ou de violência policial com que a Gendarmerie se debatia.
  • Criem reformatórios, centro educativos, intituições correccionais ou como lhe queiram chamar para alunos problemáticos e coloquem-nos lá em regime de internato, com direito de visita aos fins de semana e férias. Se os pais não os sabem educar, que assuma o Estado essa educação, mas não nas habituais escolas públicas onde os professores não receberam formação nem têm qualificação especial para lidar com este tipo de delinquência. Talvez, então, aprendam a comportar-se em sociedade.

Mais um vídeo de indisciplina na aula de Economia

terça-feira, 25 de março de 2008

“É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito” (Albert Einstein)

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, no centro da qual puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria sobre os que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.
Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto
participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza que a resposta seria:
“Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui… “

Não percamos a oportunidade de passar esta história para as nossas amigas e amigos, para que, de vez em quando, se questionem por que razão o fazem (ou não)..

PGR: Órgãos directivos das escolas têm de denunciar todos os casos de violência

O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, diz hoje ao "Diário Económico" que a violência escolar pode ser o "embrião" de outros níveis de criminalidade. O PGR vai mais longe e sustenta que há escolas onde se formam pequenos gangs que, mais tarde, transitam para grupos de bairro armados e perigosos.

Órgãos directivos têm de denunciar

É preciso mais autoridade para os professores, sustenta o PGR, mostrando-se contra a violência e o sentimento de impunidade nas escolas. "Impõe-se que seja reforçada a autoridade dos professores e que os órgãos directivos das escolas sejam obrigados a participar os ilícitos ocorridos no interior das mesmas". O que, "até agora, raras vezes, tem acontecido", diz Pinto Monteiro.

«Algumas escolas formam gangs»

Procurador-Geral da República está preocupado com a violência contra professores, defendendo a necessidade de reforço da autoridade. Na sua opinião, a violência escolar funciona, em certos casos, como uma espécie de «embrião» para níveis mais graves de criminalidade, uma vez que a violência nas escolas «existe e tem contornos preocupantes».

Quando é que os políticos percebem que, se não puserem travão à violência, não serão apenas os alunos, funcionários e professores a pagar por isso.
Grande consolo o do iluminado Valter Lemos que diz que a violência vem do exterior das escolas para o interior... Para não falar do mediático, mas não menos iluminado Albino Almeida da CONFAP que afina sempre pelo mesmo diapasão da ministra e do seu secretário. Mas estes senhores não sabem que é nas escolas que os alunos passam a maior parte do dia? Não é aí que ela se manifesta com maior frequência? E o que faz o governo, se os pais não assumem a sua responsabilidade educativa? Esses jovens delinquentes de hoje serão os grandes criminosos de amanhã. Vejam o que acontece no Brasil. Devido à inércia deste governo e à teimosia em não reconhecer o perigo desta situação, apesar dos avisos do PGR, pode antever-se um futuro em que teremos de comprar armas de defesa pessoal. Neste momento, isso já acontece nas localidades da linha de Sintra e em outras zonas periféricas de Lisboa (vide e. g. Expresso de 21 de Março de 2008)

Quanto à violência no caso da Carolina Michaelis, subscrevo inteiramente a opinião de Henrique Monteiro no seu blogue (http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/275347) de que aqui transcrevo uma parte:

"Há 40 anos, se um professor quisesse retirar um objecto a um aluno, bastava pedi-lo. O aluno entregava-o. Não por medo de represálias do professor, mas pelo respeito que aquele lhe infundia. Por vezes, por medo que os pais soubessem que se tinha portado mal na escola.
Se não entregasse o objecto, seria posto na rua da turma; provavelmente suspenso por uns dias.
Este foi o sistema que destruímos a troco de nada.
O retrato que este pequeno vídeo faz das nossas escolas é, para mal dos nossos pecados, bastante real. Ao fim de mais de 30 anos de experiências, foi onde chegámos.
Que mais será necessário para perceber que fizemos tudo errado?
- Destruímos a autoridade dos professores;
- Minámos o respeito dos alunos pela escola e pelos seus símbolos;
- Aceitámos que as crianças eram naturalmente boas e queriam aprender;
- Facilitámos a aprendizagem para favorecer as estatísticas;
- Impedimos que os mal comportados fossem separados dos bem comportados, bem como recusámos distinguir entre os que têm e não têm aproveitamento;
Infelizmente, muitos eduqueses do Ministério acham que estamos no bom caminho. Mas basta um minuto para se ver como isso não passa de uma enorme mentira.

Violência nas escolas atinge também funcionários

Funcionárias agredidas por alunos na escola EB 2-3 de Tarouca, distrito de Viseu

In "O Público" de 25.03.2008,

Uma auxiliar educativa teve que se colocar à frente de colega grávida e recebeu em vez dela os golpes do aluno


As agressões a funcionárias da Escola EB 2-3 e Secundária de Tarouca, no distrito de Viseu, arrastam-se há dois anos. Os alegados autores de empurrões, murros e pontapés a várias auxiliares educativas são dois irmãos de 11 e 15 anos que frequentam o 5.º e o 7.º anos. Este ano lectivo arrastaram mais seis elementos para o grupo que se autodenomina gangue.
A última agressão foi a 14 deste mês, quando uma funcionária repreendeu um dos alunos por estar a bater num colega. Ele largou o rapaz, mas desatou aos pontapés no peito, na barriga e nas pernas da auxiliar de acção educativa, que teve de ser transportada pelo INEM para o Hospital de Lamego.
A GNR foi chamada pelo conselho executivo, mas o comandante de destacamento de Moimenta da Beira, Adriano Resende, assegura que quando os guardas chegaram ao local "já estava tudo sossegado". A GNR aguarda agora por queixa da vítima. Esta, contactada pelo PÚBLICO, diz que, tratando-se de menores, não adianta apresentar queixa. "Não lhes acontece nada", desabafa.
Este ano os mesmos alunos já a haviam agredido com pontapés nas pernas. No ano passado também foi surpreendida com uma "cotovelada nas costas", que a deixou temporariamente imobilizada.
A mesma auxiliar educativa foi testemunha, no ano passado, de uma agressão a outra funcionária que recebeu tratamento no Hospital de Vila Real e que apresentou queixa na GNR, para pouco depois a retirar:estava em regime de contrato e terá receado ser dispensada por falta de competência para lidar com os alunos mais rebeldes.
Há ainda o caso de uma funcionária grávida que só não foi agredida por um dos alunos porque uma colega se colocou à sua frente, apanhando o golpe em seu lugar.
A escola tem "tentado solucionar o problema dentro das suas capacidades", justifica a presidente do conselho executivo do Agrupamento de Escolas de Tarouca, Manuela Machado, que admite que a situação "tem uma certa gravidade na medida em que cria alguma instabilidade", mas acredita que pode ser resolvida ao nível interno, "desde que a comunidade escolar se envolva", o que, garante, já está a acontecer.
Os casos de violência nunca foram comunicados à Direcção Regional da Educação do Norte. Na escola fala-se em "pacto de silêncio" informal de toda a comunidade escolar para evitar que a escola seja vista como sendo de risco e "incapaz" de controlar alunos mais problemáticos. Manuela Machado contesta a versão e diz que um dos alunos está a ser acompanhado pela Comissão de Protecção de Menores e Jovens em Risco.

Sandra Ferreira

segunda-feira, 24 de março de 2008

Humor

Mais uma anedota que circula por aí por e-mail.

Diz o Primeiro-Ministro para o Secretário:

- Vou atirar esta nota de 100 euros pela janela e fazer um português feliz.

- Sr. Engenheiro, não acha preferível atirar 2 de 50 e fazer 2 portugueses felizes? - Diz o Secretário.

- Não faça isso, Sr. Primeiro-Ministro. Atire 20 notas de 5 e faça 20 portugueses felizes! - Diz o Escriturário lá no seu canto.

Ouvindo isto tudo, reage a Senhora da limpeza:

- Porque é que o senhor primeiro-ministro não se atira da janela e faz dez milhões de portugueses felizes?

Mutatis mutandis, a anedota também pode ser aplicada à Ministra e aos pais (Atenção! não a apliquem aos professores: perderia toda a verossimilhança, uma vez que a ministra não está interessada em fazer os professores felizes!)

Outros vídeos gravados nas salas de aula

O que se faz nas aulas de substituição:


Tinha mais alguns links do YouTube para vos mostrar, mas, nos últimos dias, foram todos retirados da net. As ameaças da ministra ou da directora da DREN em processar o conhecido vídeo da Carolina Michaelis, levaram outros a retirar também os seus com medo de represálias.

Carolina Michaelis 6: violência nas escolas

Notícias de outras datas

28/11/05
1200 casos de violência registados nas escolas
Ministra considera que "os números são insignificantes, que o caso não é de urgência e que se trata de uma situação normal"


Segundo dados do Observatório da Segurança Escolar divulgados em Março no Parlamento, no passado ano lectivo foram contabilizadas 390 agressões a professores nas escolas e arredores, o que dá uma média diária superior a dois casos, tendo em conta que há 180 dias de aulas por ano.

São, de facto, números insignificantes, se tivermos em conta que ainda não houve mortes. Os profs podem dar-se por satisfeitos.

Não sei porquê, faz-me lembrar a história da ponte de Entre-os-Rios...

Carolina Michaelis 5: desentendimento entre ML e VL


O Secretário de Estado, Valter Lemos disse à SIC que o Ministério estava a proceder “ às alterações ao Estatuto do Aluno” de forma a “ reforçar a autoridade dos Professores”.
A Ministra contradiz o seu secretário e, autoritária como é, também quer impor aos jornalistas o seu ponto de vista, interrogando-os, indo ao ponto de orientar as entrevistas e dar ordens para que façam o seu trabalho da forma que ela, na sua subjectividade, considera certa. Mas os jornalistas não se deixaram intimidar.

Indisciplina nas escolas é objecto de estudo no Reino Unido

Notícia de "O Público" 24.03.2008

A indisciplina dos alunos nas escolas terá origem na educação que as crianças recebem dos pais em casa, concluiu uma investigação da Universidade de Cambridge, divulgada este fim-de-semana no jornal britânico The Guardian. Segundo os investigadores, o mau comportamento dos jovens é fomentado por pais "demasiado indulgentes" que não sabem como dizer "não" aos seus filhos. O estudo foi encomendado pelo sindicato dos professores e concluiu que estes têm de lidar com um "pequeno mas significativo" número de alunos que têm crises quando contrariados e que chegam exaustos às aulas por se deitarem tarde. Acrescenta que os professores têm também de lidar com uma postura de "confronto" dos pais. A investigação foi motivada pela preocupação manifestada por professores que disseram estar a enfrentar mais problemas comportamentais e menos problemas de currículo, como acontecia há uns anos atrás.

Semelhanças com a situação portuguesa?
Então vejam:



Outra notícia do DN de 24.03.08:

Oito mil professores descobrem alunos armados

Educação, educação, educação. Assim enumerava Tony Blair a sua prioridade governativa na campanha para as eleições legislativas de 1997. Hoje, 11 anos passados, o sindicato britânico dos professores quer completar a palavra de ordem com "igualdade, igualdade, igualdade".

Tudo porque considera que os jovens de famílias desfavorecidas apresentam maiores probabilidades de terem comportamentos de risco, numa altura em que um estudo veio revelar que, todas as semanas, oito mil professores descobrem alunos com armas dentro das escolas.

O estudo do Instituto de Educação da Universidade de Warwik, ontem citado pelo Independent, revelou que a proporção de professores a lidar com armas aumentou de 0,5% por semana em 2001 para 1,9%. O estudo também revela que um em cada dez professores admitiram ter sido empurrados por alunos.

Os incidentes com drogas também aumentaram e mais que duplicaram no espaço de sete anos: de 1% de participações passou-se a 2,2%. Os incidentes mais graves estão concentrados nas áreas desfavorecidas, revelou o mesmo estudo, realizado sob a coordenação de Sean Neil.



Vejam as diferenças com a situação portuguesa e a ministra que trate de seguir os conselhos do PGR, antes que haja mortes nas escolas.

Carolina Michaelis 4

Em Dezembro, na mesma escola onde foi feito o vídeo colocado no YouTube, a DREN impediu expulsão de aluna que agrediu professora de Português.

Cuidado, professores de Português!
Podeis ser agredidos por alunos que discordem das suas notas a Português. Assim aconteceu em Dezembro na mesma escola do Porto, na Carolina Michaelis, onde desempenha agora funções docentes o professor Fernando Charrua, cujo gabinete do aluno integra - lembram-se deste senhor que foi obrigado a regressar à escola na sequência do processo disciplinar que a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN)lhe moveu por causa de uma anedota sobre as habilitações do primeiro-ministro?
Pois bem, e o que fez a DREN nessa situação em Dezembro?
Embora o conselho de turma tivesse decidido expulsar a adolescente, a Direcção Regional de Educação do Norte (a tal que é dirigida pela autoritária conhecida educadora de infância Margarida Moreira, testa de ferro da Ministra e do PM - lembram-se do processo que ela moveu ao Charrua por causa da anedota sobre o PM? -, ela que só lá está por ser do círculo do ministro Augusto Santos Silva - um dos piores ministros da educação dos últimos anos e seguramente o pior da União Europeia, nas palavras do iluminado que dá pelo nome de Valter Lemos), ora, como dizíamos, essa mesma DREN, com base num recurso interposto pelos pais da aluna, decidiu amenizar a medida disciplinar e optou por transferir a jovem de escola.

A notícia foi divulgada pel'O Público:
http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fc%3DA%26dt%3D20080322%26id%3D12917552

A Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, também foi o palco de um episódio de violência ocorrido em Dezembro passado que ninguém filmou. O alvo foi uma professora de Português e a agressora uma aluna, desta feita do 10.º ano. Só que, neste caso, os cabelos puxados pela aluna à professora num corredor da escola, depois de discussão acesa na sala de aula, deram lugar a um processo disciplinar. E por duas vezes o conselho de turma decidiu expulsar a adolescente. Contudo, com base num recurso interposto pelos pais da aluna, a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) decidiu amenizar a medida disciplinar e optou por transferir a jovem de escola. É que a expulsão até foi revogada pelo novo Estatuto do Aluno aprovado por este Governo.
A história foi relatada ao PÚBLICO por vários professores da escola, que confrontou ontem a DREN, através do assessor de imprensa do Ministério da Educação, Rui Nunes. Até ao fecho desta edição não foi recebida qualquer resposta.
A história desta agressão começa com uma discussão acesa sobre uma nota. A aluna decide abandonar a sala sem autorização da professora e, quando esta tenta impedi-la, o caso complica-se. A aluna acaba a puxar os cabelos à professora em pleno corredor da escola.
Mas o guião não termina aqui. Chamada à escola, a mãe da aluna ameaça bater na presidente do conselho executivo, sendo necessária a intervenção da PSP. A senhora é detida e obrigada a pagar uma multa. A filha teve mais sorte. Apesar de o conselho de turma disciplinar ter decidido, face à gravidade do sucedido, aplicar a mais severa medida sancionatória, a expulsão, a jovem acabou apenas por ser transferida em Janeiro para a Escola João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, para onde já tinha intenção de ir.
Isto, porque a DREN chamou a si o processo, decidindo a transferência da aluna, após os seus pais terem interposto dois recursos. Da primeira vez, a DREN aceitou a contestação da escola e enviou o caso novamente ao conselho de turma, que voltou a aplicar a expulsão. Os pais repetiram o recurso alegando questões formais e a escola contestou novamente os argumentos. Mas desta vez a DREN decide chamar a si o processo e aplicar a medida de transferência. O facto de os recursos terem um efeito suspensivo, o que significava que a aluna continuava na escola, gerava uma situação que estava a indignar muitos professores.
A transferência resolveu esta questão prática, mas no espírito de muitos ficou a convicção de que a intervenção da DREN resultou na impunidade da aluna. Um deles é Fernando Charrua, que acredita que a direcção regional aplicou a lei por antecipação, já que uns dias depois é publicado o novo estatuto do aluno que revoga a expulsão como medida disciplinar.
João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Educação, diz que o novo estatuto tem como objectivo facilitar estes processos, mas explica que o modelo ainda não passou do papel. "O novo regime disciplinar, na prática, está adiado até ao final deste ano lectivo porque as escolas ainda não adaptaram os seus regulamentos internos ao novo estatuto", afirma.
O PÚBLICO comparou os dois regimes e verificou que a principal diferença reside na perda de importância do conselho de turma disciplinar, na nova versão. Este órgão colegial, constituído pelo presidente do conselho executivo, pelos professores da turma e por um representante dos pais, deixa de ter competência para decidir as medidas disciplinares mais pesadas e passa a ser um mero órgão consultivo. A maior parte das vezes facultativo.
Quem passa a ter competência para decidir as sanções disciplinares é o presidente do conselho executivo, que está mais limitado nas medidas que pode aplicar. Das cinco existentes na versão inicial do estatuto, só restam três: a repreensão registada, a suspensão da escola até 10 dias úteis e a transferência de escola. Acontece que esta última é da competência dos directores regionais. Excepcionalmente, os professores podem aplicar a repreensão registada, mas apenas quando a infracção disciplinar for provocada na sua sala de aula.


Os noticiários já anunciaram que a DREN chamou a si o caso da escola Carolina Michaelis. Se fizerem um trabalho igual ao de Dezembro, fica tudo na mesma...: a culpa é sempre do professor, esse inimigo público nº 1!

Carolina Michaelis 3: o PGR já tinha advertido a ministra para não minimizar a violência nas escolas

Cf. http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=882784

PGR: «Ministra minimiza violência nas escolas»
2007/11/21
Pinto Monteiro critica Maria de Lurdes Rodrigues em entrevista.

O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, acusa a ministra da Educação de «minimizar a dimensão da violência nas escolas», numa entrevista à revista Visão que será publicada quinta-feira, noticia a Lusa.

Na entrevista, o responsável afirma ter seleccionado a violência escolar como uma das suas prioridades, no âmbito da nova Lei de Política Criminal. «Sei que há várias pessoas, até a senhora ministra da Educação, que minimizam a dimensão da violência nas escolas, mas ela existe», refere Pinto Monteiro.

O PGR garante mesmo que vai preocupar-se com «cada caso de um miúdo que dê um pontapé num professor ou lhe risque o carro», por não querer que haja «um sentimento de impunidade» nas escolas, nem que «esse miúdo se torne um ídolo para os colegas».

«Quanto à escola, ao nível penal, deve existir tolerância zero. Mesmo que seja um miúdo de 13 anos, há medidas de admoestação a tomar. Se soubessem a quantidade de faxes que eu recebo de professores a relatarem agressões¿», adianta Pinto Monteiro.

Segundo dados do Observatório da Segurança Escolar divulgados em Março no Parlamento, no passado ano lectivo foram contabilizadas 390 agressões a professores nas escolas e arredores, o que dá uma média diária superior a dois casos, tendo em conta que há 180 dias de aulas por ano.

No final de Outubro, a Procuradoria-Geral da República anunciou que iria emitir uma directiva ao Ministério Público para fazer a recolha de dados sobre violência escolar, «começando pela participação de todos os ilícitos que ocorram nas escolas».

No início deste mês, em entrevista à RTP1, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, considerou «exageradas» as preocupações do Procurador-Geral da República sobre violência nos estabelecimentos de ensino.

«O PGR fez eco da sua preocupação, mas não há motivos para isso porque a violência escolar é uma situação rara e não está impune. O que existem é situações de indisciplina e incivilidade», sustentou, na altura, a ministra da Educação, adiantando que não queria que fossem criminalizados «actos que têm características específicas porque acontecem no meio escolar». Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação não quis comentar as declarações de Pinto Monteiro.

Outras notícias relacionadas:
Correio da Manhã:Porto: Escola registou sessenta casos de indisciplina.
JN:Maior parte da turma do 9.º C chumbaria se fosse final de ano
DN:Defendida suspensão imediata da turma do vídeo do You Tube

Carolina Michaelis 2: Ignorância autoritária

A autoritária Directora da DREN, a já mal-afamada Margarida Moreira terá dito à mãe de um aluno (de acordo com informação do Portugal Diário, às 16:11 de 20-3-2008), respondeu a uma mãe de um aluno que "Vamos proceder à retirada do filme do portal YouTube por violação do direito à imagem"!

Entretanto, uma mãe preocupada contactou a DREN por e-mail, alertando para a existência deste vídeo, e recebeu como resposta as mesmas palavras proferidas aos jornalistas, mas com um pormenor: «Vamos proceder à retirada do filme do portal YouTube por violação do direito à imagem».
O vídeo original foi, de facto, retirado, mas já está novamente no portal, colocado por outro utilizador.


Alguém se queixou de que foi ameaçado caso deixe o video no ar.
Esquecem-se a ministra, o seu secretário e a directora da DREN que não têm poder sobre a internet: não podem abafar um vídeo colocado no youtube.
Faço minhas as palavras de António Balbino Caldeira, autor do blogue "doportugalprofundo":

Habituados ao autoritarismo e totalitarismo com que tratam os professores que deveriam respeitar e promover, os responsáveis pelo Ministério da Educação nem sequer se dão ao cuidado de pensar que YouTube é uma subsidiária da empresa Google Inc., cujo controlo accionista, no que se conhece, escapa ao omnipotente Governo português: procurando as participações qualificadas na empresa Google não se acha nenhuma referência ao Governo português ou a empresas privadas de capitais públicos do Estado português, nem consta que os norte-americanos tenham consentido uma golden share ao Estado português. O Governo português não manda no YouTube, como não manda na internet: está fora do seu controlo...

A ideia de que o Ministério da Educação, do tandem Maria de Lurdes Rodrigues e seu alter ego José Sócrates, consegue abafar a indignação pela violência e indisciplina nas escolas públicas portuguesas através da eliminação dos videos que a comprovam é ridícula. A tarefa de eliminação do video é inglória e não tem a mínima probabilidade de sucesso, pois o video será replicado muito mais vezes do que o Ministério tenta apagar. Para além disso, esta tentativa de imposição de censura à internet é outra prova da deriva totalitária do ESP (Estado Socialista Português).


Nem mais!

Carolina Michaelis 1

Comentário retirado de:
http://socratinice.blogspot.com/2008/03/vital-moreira-j-reagiu-ganda-cena-do.html

Vital Moreira já reagiu à "ganda cena" do telemóvel.

Não conseguiu produzir uma interpretação jurídica conforme à CRP que excluísse a ilicitude do acto de uma aluna que ofendeu rudemente uma professora.

Mas, à sua boa maneira, retirou toda a responsabilidade de actos como este ao Ministério da Educação, atirando-os para as escolas e sobretudo para os professores.

Eis a sua bela pérola socratina, digna de um qualquer Valter Lemos:



O que admira é que muitas escolas continuem sem tomar medidas elementares, como proibir telemóveis ligados na sala de aula, determinar a expulsão imediata de quem viole a ordem nas aulas e proporcionar aos professores um meio de contacto imediato para solicitar ajuda em caso de violência na aula. Além de obrigar a reportar todas as situações de indisciplina e aplicar o regulamento disciplinar, evidentemente. E, por último, formar os professores na gestão de situações de indisciplina.
As escolas não podem pactuar com cenas de delinquência juvenil como estas.



Respondamos:

1.º - O uso dos telemóveis está proibido em todas as salas de aula, como decorre do Art.º 15, al. q) do Estatuto do Aluno independentemente da sua transposição para o Regulamento Interno;

2.º - De acordo com as normas ministeriais em vigor um aluno não deve ser expulso pelo simples facto de possuir ou usar um telemóvel. A ordem de saída da sala de aula é «aplicável ao aluno que aí se comporte de modo que impeça o prosseguimento do processo de ensino e aprendizagem dos restantes alunos». Este era o teor do Art.º 30 do anterior Estatuto do Aluno. Já não consta expressamente do novo Estatuto, mas continua a ser esse o entendimento do Ministério da Educação e continua a ser essa a prática das escolas em obediência à filosofia das luminárias da Avenida 5 de Outubro. A ordem de saída da Sala de Aula é sempre um procedimento excepcional, a aplicar na falta de outro procedimento e se o comportamento do aluno impedir o normal funcionamento das actividades lectivas. Uma simples advertência pode resolver a situação na maior parte dos casos, desde que o aluno desligue ou recolha o aparelho. As escolas prevêem geralmente a possibilidade de o telemóvel ser "confiscado" por um determinado período de tempo e até a obrigatoriedade de ser o encarregado de educação a vir recuperar o telemóvel ao Conselho Executivo.
O professor que aplique imediatamente ordem de saída da sala de aula a um aluno que tenha um telemóvel na mão corre o risco de ser considerado pelo Conselho Executivo ou pelo Director de Turma como incapaz de lidar com situações de infracção aos regulamentos.

3.º - As salas de aula têm uma campainha para chamar as funcionárias ou existe uma funcionária no corredor. Quando isto não sucede há um responsável: o Ministério da Educação por não dotar as escolas dos meios humanos, técnicos ou financeiros necessários. Não é culpa das escolas.

4.º - Tanto o Estatuto do Aluno (o novo como o antigo), obrigam à participação das ocorrências. Mas há professores que nem sempre entregam as participações e por várias razões:

a) Medo de retaliação por parte de alunos e de encarregados de educação (o habitual são insultos, danos nos automóveis e agressões física...);

b) Descrédito no funcionamento do sistema sancionatório que foi produzido à semelhança do sistema penal, com um paralizante excesso de procedimentos e de garantismos (na prática era mais penoso para os professores fazer uma participação, inquirir testemunhas, reunir com os pais, convocar o conselho de turma, do que para o aluno infractor que acabaria por sofrer uma pena simbólica);

c) Sentimento geral de impunidade num sistema educativo que incutiu nas escolas e nos professores a consciência de que a indisciplina é geralmente culpa da impreparação dos docentes para lidarem com situações de violência e de indisciplina, fazendo aparecer os infractores como vítimas da sociedade, da família e da escola, e apresentando os docentes como co-responsáveis ou responsáveis exclusivos destes problemas.

Em suma, quando ocorrem problemas, quem mais perturbado fica não é o aluno receando consequências dos seus actos. É o professor que fica atormentado por um sistema pervertido por três décadas de doutrinas libertárias e anarquistas germinadas na Geração de 60 e cultivadas no Ministério da Educação pela Geração Abrilina.

O sistema educativo apodreceu, como apodreceu todo o País. Não há disciplina e autoridade, nem nas famílias, nem nas escolas, nem em toda a sociedade.

O que se passa nas escolas ao nível dos valores como ao nível dos conhecimentos é apenas a consequência (e reflexamente também já a causa) de uma concepção geral de sociedade que o regime abrilino instaurou em Portugal. É a imagem da decomposição da III.ª República...

Em muito, tudo isto, é o suculento fruto dos lemas de juventude da geração que governa Portugal: «É proibido proibir» ou «É proibido punir».

A luta entre uma ignara aluna e uma culta professora lembra-nos como os bárbaros podem vencer a civilização, como os porcos revoltados podem passar a governar a quinta...

José Sócrates é o ícone perfeito desta realidade, uma síntese pura e cristalina do estado a que Portugal chegou...

As mentiras de Rangel, o traidor

Notícia retirada dos blogues A Toupeira, (em RANGEL- As Mentiras E Omissões De Uma Estória) e Pistacídeo (em EMÍDIO RANGEL - HOLLIGAN MENTIROSO - MAIS VALIA TER FICADO CALADO. RANGEL- As Mentiras E Omissões De Uma Estória):

Costuma dizer-se que uma mentira muitas vezes repetida acaba por ser verdade: Há muitos exemplos na História e nas estórias de alguns homens públicos.
Ao longo dos últimos anos, que, reparando bem, já são muitos, Emídio Rangel, quando é entrevistado, repete - sempre da mesma maneira - muitas mentiras que já fazem parte da sua biografia oficial.
Não tenho nada contra o modo como ele tem construído a sua vida , a sua carreira ,e até reconheço e aprecio a sua marca nas principais mudanças na maneira de fazer Rádio e Televisão em Portugal.
Por isso não me proponho analisar todas as mentiras repetidas sistematicamente - algumas delas são mesmo pequenas mentirinhas - nem alguns dos seus métodos de trabalho, onde os fins normalmente justificam os meios.
Todavia, já estou cansado daquela estória - que está a virar História - da fuga heróica de Angola.
A verdade é que Emídio Rangel fugiu como dezenas de milhares de outros colonos, no contexto de uma conjuntura política que não entenderam e com o medo natural de terem que suportar uma guerra que achavam não lhes dizer respeito.
Estava, portanto, no seu direito - fugir.
Mas, a fuga de Emídio Rangel não foi uma simples fuga. Foi, igualmente, uma traição, já que, ao contrário do que sempre vem afirmando ao longo dos anos, ele era um militante "engajado" do MPLA.
Também ao contrário do que sugere em todas as entrevistas, os tiros que aconteceram na madrugada em que fugiu não eram surpresa para ele, uma vez que sabia dos planos para o início da guerra entre os então movimentos de libertação( MPLA contra UNITA/FNLA).
Ele sabia dos planos e, nesse contexto, tinha assumido responsabilidades de comando de um grupo de soldados praticamente sem experiência, que acabaram por se bater sózinhos nesssa guerra, iniciada na madrugada de 20 para 21 de Agosto, altura em que ele fugiu, traindo os homens que deveria ter comandado.
Apesar da fuga dele (planeada durante meses - soube-se depois), o MPLA ganhou a contenda e a 23 de Agosto UNITA/FNLA assinaram a rendição.
Também contrariamente ao que ele sugere, o exército sul-africano não estava ainda em território angolano. É verdade que se tinha concentrado na fronteira, mas, do ponto de vista dele, o perigo acabava logo que passasse a linha.
Quanto às ameaças - que lhe foram transmitidas "por um jornalista ainda hoje na RDP de Coimbra" não é, seguramente, mentira, mas uma verdade para dar côr à estória. É que todos os militantes do MPLA, sobretudo os que, por alguma razão especial se destacavam na vida da cidade, foram ameaçados, quer pela UNITA, quer pelas BJR's da FNLA. A alguns deles fizeram pior: ameaçaram-lhes os filhos.
Só mais um pormenor relativo a esta estória, que sendo uma pequena mentira, não deixa de ser uma grande injustiça:; quem o salvou das garras da secreta sul-africana, que o tinha idenficidado como militante activo do MPLA, foi um outro colega de profissão, de nome Diamantinmo Pereira Monteiro, esse sim sem qualquer ligação política e que arriscou ficar preso em sua substituição, e por isso, teve que suportar por mais algum tempo as condições horríveis dos campos de "concentração" em que foram armazenados os colonos fugitivos de Angola.
Como se vê, as omissões também fazem parte desta estória de Rangel, contada em capítulos oportunos.Além do nome de Pereira Monteiro, há o de Mário Gomes, o tal piloto que levou os pais de avião para Whindoek e o de Saraiva Coutinho, o "ainda hoje jornalista da RDP em Coimbra" .
Na entrevista da revista "Sábado" que me fizeram chegar via Net, Rangel não se refere ao 25 de Abril de 1974, mas, já agora, não quero deixar passar uma outra mentira muito propalada em outras, nomeadamente uma feita por Batista Bastos. Emídio Rangel não era o director da Rádio Comercial de Angola naquela altura e, por isso, não deu instruções nenhumas para que a Revolução de Lisboa fosse noticiada.
Por acaso até conheço a pessoa que era director daquela estação de rádio ao tempo e bem me lembro que ela se transformou, nesse mesmo dia, na primeira voz livre de Angola.
Quanto a outras mentiras que "o velho leão" tem vindo a propalar: é preciso cuidado, porque as pessoas podem cansar-se. Tal como dizia Nheru, referindo-se à ocupação portuguesa de Goa, Damão e Diu: não se pode confundir pacifismo com cobardia.
Alguém avise o Emídio que é melhor servir-se dos seus méritos, das suas qualidades de grande condutor de equipas (desde que não seja contestado), que são muitas, do que continuar a efabular com coisas que já passaram há muitos anos e que só já têm importância para os que, lembrando-as, voltam a sentir-se miseravelmente traídos. E depois, há um perigo de as verdades se trasnformarem em cerejas.
E já agora: fico desejando que recupere completamente dos problemas de saúde que o têm afligido e que volte às lides, para, pelo menos, fazer justiça a alguns amigos (verdadeiros), de quem sempre se serviu para, depois, atirar para o caixote dos ostracizados, uma condição que agora reclama para si próprio, mas que não é verdadeira - outra pequena mentira...

Publicada por M.Pedrosa

Resposta a Emídio Rangel

Num dos comentários à notícia de "O Público" intitulada "Linha SOS Professor quer que Ministério se pronuncie sobre agressão" em
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1323322,
ficamos a saber porque é que Emídio Rangel odeia os professores: é que o ódio já vem de longe, de muito longe, quando o menino Rangel era hooligan:

21.03.2008 - 18h17 - Jorge Alves, Lisboa, Portugal
Ora, ora, o Sr. Rangel deve saber muito bem o que andou a fazer no Liceu Diogo Cão, em Angola, nos seus tempos de estudante. Diga lá, Sr. Rangel, o que fez a livros de ponto e a fios eléctricos nos seus tempos de menino colonial. Deve vir daí o seu ódio aos professores. Olhe que a memória ainda não acabou e há quem tenha sido seu colega de liceu. Então porque não conta acerca dos seus problemas disciplinares no Liceu Diogo Cão. Será que também nessa altura os professores já eram Hooligans. Segundo me recordo, no seu tempo nem havia direito a manifestações contra o regime, mas mesmo assim, o Senhor era muito mal educado. Digamos, uma peste!

Não foi só aos professores que Rangel mostrou os dentes. A SIC e os militares foram alguns dos seus alvos predilectos.
Em tempos idos, o jornalista Emídio Rangel dizia que os jornalistas se prostituíam.
Vejam o vídeo em http://www.youtube.com/v/Gom_toAMAnA&hl=pt-br:

Em tempos mais antigos temos Emídio Rangel como protagonista do “caso do berbequim"
Ora leiam (Expresso, 25 de Maio de 2002):

«Caso berbequim» acusa Rangel
O TRIBUNAL de Instrução Criminal de Lisboa confirmou esta semana a acusação a Emídio Rangel, David Borges, Mário Pereira e João Berenguel pelos crimes de apropriação ilegítima de bens e abuso de confiança. O processo dura há seis anos e remonta ao célebre «caso do berbequim» que opôs os membros da direcção da cooperativa TSF. Agora, formalmente acusados, os arguidos incorrem em penas que podem atingir os oito anos de prisão, além das penas de indemnização.


Quem quiser ler mais sobre os comentários deste Senhor, visite os seguintes sites:

Coisas do Circo – Um novo combate, por Emídio Rangel

Coisas do Circo – Os arruaceiros, por Emídio Rangel

Coisas do Circo – O equívoco das maiorias por Emídio Rangel

O Arruaceiro

DN Online: Emídio Rangel

Fórums de suporte: A ARROGÂNCIA DO SENHOR EMÍDIO RANGEL ...

ÚLTIMA HORA - PÚBLICO.PT

A Toupeira: RANGEL- As Mentiras E Omissões De Uma Estória

http://foros.recoletos.es/foros-diarioeconomico/thread.jspa?messageID=4536

Sobre a idoneidade deste hooligan, perdão, deste potencial perigo social e as suas declarações, está tudo dito

O professor está sempre errado

... se é jovem, não tem experiência
... se é velho, está superado
... se não tem carro, é um coitado
... se tem carro, chora de "barriga cheia"
... se fala em voz alta, grita
... se fala em tom normal, ninguém o ouve
... se não falta às aulas, é um tontinho
... se falta, é um "turista"
... se conversa com outros professores, está a falar mal dos alunos
... se não conversa, é um desligado
... se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos
... se não dá a matéria, não prepara os alunos
... se brinca com a turma, arma-se em engraçado
... se não brinca, é um chato
... se chama a atenção, é um autoritário
... se não chama, não sabe se impor
... se o teste de avaliação é longo, não dá tempo
... se o teste de avaliação é curto, tira as chances dos alunos
... se escreve muito, não explica
... se explica muito, o caderno não tem nada
... se fala correctamente, ninguém entende
... se fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário
... se o aluno é reprovado, foi perseguição
... se o aluno é aprovado, o professor facilitou.

É verdade, o professor está sempre errado!
Mas se conseguiste ler até aqui, é a ele que deves agradecer!

in: http://memorialdolamento.blogs.sapo.pt/2007/01/

domingo, 23 de março de 2008

Surrexit Christus, Alleluia!


Uma Boa Páscoa para todos!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Feria VI Hebdomadae Sanctae


ECCE HOMO!





Manuel Maria Barbosa du Bocage
À Paixão de Jesus Cristo


O filho do grão rei, que a monarquia
tem lá nos céus e que de si procede,
hoje mudo e submisso à fúria cede
de um povo, que foi seu, que à morte o guia.

De trevas, de pavor se veste o dia,
inchado o mar o seu limite excede,
convulsa a terra por mil bocas pede
vingança de tão nova tirania.

Sacrílego mortal, que espanto ordenas,
que ignoto horror, que lúgubre aparato!...
tu julgas teu juiz!... Teu Deus condenas!

Ah! Castigai, Senhor, o mundo ingrato;
caiam-lhe as maldições, chovam-lhe as penas,
também eu morra, que também vos mato.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Feria V Hebdomadae Sanctae


1 Ante diem autem festum Paschae, sciens Iesus quia venit eius hora, ut transeat ex hoc mundo ad Patrem, cum dilexisset suos, qui erant in mundo, in finem dilexit eos.
2 Et in cena, cum Diabolus iam misisset in corde, ut traderet eum Iudas Simonis Iscariotis, 3 sciens quia omnia dedit ei Pater in manus, et quia a Deo exivit et ad Deum vadit, 4 surgit a cena et ponit vestimenta sua et, cum accepisset linteum, praecinxit se. 5 Deinde mittit aquam in pelvem et coepit lavare pedes discipulorum et extergere linteo, quo erat praecinctus. 6 Venit ergo ad Simonem Petrum. Dicit ei: “ Domine, tu mihi lavas pedes? ”. 7 Respondit Iesus et dixit ei: “ Quod ego facio, tu nescis modo, scies autem postea ”. 8 Dicit ei Petrus: “ Non lavabis mihi pedes in aeternum! ”. Respondit Iesus ei: “ Si non lavero te, non habes partem mecum ”. 9 Dicit ei Simon Petrus: “ Domine, non tantum pedes meos sed et manus et caput! ”. 10 Dicit ei Iesus: “ Qui lotus est, non indiget nisi ut pedes lavet, sed est mundus totus; et vos mundi estis sed non omnes ”. 11 Sciebat enim quisnam esset, qui traderet eum; propterea dixit: “ Non estis mundi omnes ”. 12 Postquam ergo lavit pedes eorum et accepit vestimenta sua, cum recubuisset iterum, dixit eis: “ Scitis quid fecerim vobis? 13 Vos vocatis me: “Magister” et: “Domine”, et bene dicitis; sum etenim. 14 Si ergo ego lavi vestros pedes, Dominus et Magister, et vos debetis alter alterius lavare pedes. 15 Exemplum enim dedi vobis, ut, quemadmodum ego feci vobis, et vos faciatis.


Et accipiens panem, gratias agens, fregit et dedit eis dicens: «Hoc est corpus meum, quod pro vobis datur. Hoc facite in meam commemorationem».
Et calicem, similiter, postquam cenavit, dicens: «Hic calix novum testamentum [est] in sanguine meo, qui pro vobis funditur».

Chegou a Primavera






...
Vi já que a Primavera, de contente,
de mil cores alegres revestia
o monte, o rio, o campo alegremente.
Vi já das altas aves a harmonia,
que até aos montes duros convidava
a um modo suave de alegria.
Vi já que tudo, enfim, me contentava,
e que, de muito cheio de firmeza,
um mal por mil prazeres não trocava.
Tal me tem a mudança e estranheza
que, se vou pelos campos, a verdura,
parece que se seca, de tristeza.
...

Aquela que de amor descomedido... - Camões




O cisne, quando sente ser chegada
A hora que põe termo a sua vida,
Música com voz alta e mui subida
Levanta pela praia inabitada.

Deseja ter a vida prolongada
Chorando do viver a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.

Assim, Senhora minha, quando via
O triste fim que davam meus amores,
Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia
Descantei pelos vossos desfavores
La vuestra falsa fé y el amor mio.

Camões

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro



Namorou-se uma princesa
Dum pajem loiro e gentil;
Chama-se ela – Natureza,
Chama-se o pajem – Abril.

A Primavera opulenta,
Rica de cantos e cores,
Palpita, anseia, rebenta
Em cataclismos de flores.

(...)
Tudo ri e brilha e canta
Neste divino esplendor:
O orvalho, o néctar da planta
O aroma, a língua da flor.

Enroscam-se aos troncos nus
As verdes cobras da hera.
Radiosos vinhos de luz
Cintilam pela atmosfera.

Entre os loureiros das matas,
Que crescem para os heróis,
Dá o luar serenatas
Com bandas de rouxinóis.

É a terra um paraíso,
E o céu profundo lampeja
Com o inefável sorriso
Da noiva ao sair da igreja.


Guerra Junqueiro










terça-feira, 18 de março de 2008

Pais, mães e filhos...



Fernanda Câncio tem sogra!



Extraído de: http://hortadozorate.blogspot.com/



Entrevista de Sócrates à SIC: «Sou um homem generoso, pelo menos é o que diz a minha mãe»
Fernanda Câncio, namorada de José Sócrates, jornalista do DN, no dia 22-02-2008, escreveu uma crónica naquele jornal (http://hortadozorate.blogspot.com/2008/02/fernanda-cncio-uma-namorada-para-todo-o.html), criticando o facto de Pedro Santana Lopes, falar da existência do pai numa entrevista á SIC.
Considerando tal facto uma desnecessária evocação do pai na “praça pública”, atribuindo ao Pedro uma habilidade para cativar os telespectadores, escreveu, então, a Câncio: “Se a ideia de Santana era pôr o País a condoer-se do pai dele, conseguiu. E de que maneira."
Ora, o seu ilustre namorado ontem fez exactamente o mesmo. Será que tal atitude vai merecer uma crónica de reparo?
Ou na sogra não se toca?
Também se pode dar o caso de a Câncio considerar que uma coisa é o Santana ser filho do pai, outra coisa é o Sócrates ser filho da mãe...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Dois vice-presidentes de escola de Leiria demitem-se devido a ficha de avaliação

Da Agência Lusa
Dois vice-presidentes do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas Correia Mateus, em Leiria, demitiram-se ontem depois da polémica relativa a uma grelha de avaliação de docentes, disse hoje fonte escolar. À demissão destes docentes, soma-se a de uma outra vice-presidente, pelo que já há falta de quórum no Conselho Executivo para que este permaneça em funções.
Dos quatro elementos do Conselho Executivo, apenas a presidente, Esperança Barcelos, permanece em funções, uma situação que deverá ficar resolvida durante a próxima semana, com a nomeação de uma comissão provisória.
De acordo com a mesma fonte, foi agendada para segunda-feira uma assembleia de escola que deverá ratificar os pedidos de demissão entregues ontem e ordenar a eleição de novos órgãos.
De acordo com um dos docentes do estabelecimento, esta decisão resulta da "quebra de confiança" que o processo de avaliação gerou no seio do Conselho Executivo.
A polémica teve lugar depois de a presidente do Conselho Executivo ter apresentado uma ficha de avaliação de docentes que tinha um item em que os professores eram avaliados pela forma como verbalizavam a sua satisfação ou insatisfação em relação ao modelo de ensino.Este documento foi denunciado pelo dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, no debate com José Sócrates, no Parlamento, e foi alvo de censura até da própria ministra da educação.
Após a polémica gerada, Esperança Barcelos decidiu retirar a ficha polémica para evitar "mais questões" e na última reunião do conselho pedagógico, quarta-feira, foi discutida a avaliação mas não foi apresentado qualquer documento alternativo.Na semana passada, uma das vice-presidentes do agrupamento apresentou a demissão do cargo devido a esta questão.
Na carta de demissão, Sandra Campos demarcou-se da polémica e garantiu que não foi ouvida na "concepção, elaboração e difusão das referidas grelhas", remetendo a responsabilidade para a presidente do conselho executivo e do conselho pedagógico.
Hoje a Agência Lusa tentou obter um comentário junto da ainda presidente do Conselho Executivo, mas, segundo fonte do estabelecimento, Esperança Barcelos não se encontra na escola durante todo o dia.

domingo, 16 de março de 2008

Algumas imagens da Marcha da Indignação

Perspectiva geral.

O latim também esteve presente (com o apoio expresso do nosso amigo e antigo mestre, o Dr. Cerejeira, que também lá esteve juntamente com a esposa):

Outra perspectiva da citação de Cícero:

"Latim técnico", claro está!

O cartaz mais delicioso de toda a marcha. Conseguem ler?

"Sócrates! Eu vim só para BUFAR que os colegas da minha mãe estão cá todos!"

Resposta a Emídio Rangel

Temos recebido várias mensagens em reacção ao vergonhoso e execrável artigo no Correio da Manhã, intitulado «HOOLIGANS EM LISBOA», assinado, ainda antes da manifestação de professores ter lugar, por Emído Rangel (o tal sujeito que saiu da RTP com uma compensação de 130.000 contos, o homem que promoveu o maior lixo televisivo em Portugal, enquanto esteve na SIC e na RTP, e que com isso influenciou negativamente toda uma geração de jovens adolescentes, aquele que, apelidando agora os professores de "hooligans" terá estado outrora implicado em agressões e até violações de uma tal Margarida Marante, lembram-se?)

A melhor resposta encontra-se na blogosfera:

http://paulocarvalhoeducacao.wordpress.com/

Não se esqueçam de ler os comentários.

Para saberem quem é o sujeito, vejam http://mocho.weblog.com.pt/arquivo/179191.html e http://dn.sapo.pt/2005/12/30/media/emidio_rangel.html.

Processos de avaliação são nulos e podem representar sanções para quem os tente realizar - SPZCentro

Lisboa, 15 Mar (Lusa) - O Sindicato dos Professores da Zona Centro alertou hoje para a nulidade dos processos de avaliação de desempenho e possibilidade de incorrerem em "responsabilidade civil, criminal e disciplinar" todos os que as decidam realizar.
O alerta surge três dias depois de a Ministra da Educação garantir que o processo de avaliação não seria suspenso nem adiado, anunciando como alternativa a aplicação de uma forma simplificada de avaliação.
Em comunicado enviado hoje para a Lusa, o Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) entende que "o Ministério da Educação se encontra legalmente impedido de praticar quaisquer actos, tomar decisões ou dar instruções, escritas ou verbais" relativas à avaliação dos docentes, uma vez que o processo está suspenso desde que foi deferida uma providência cautelar nesse sentido.
O SPZC lembra que o deferimento da providência cautelar tem como consequência uma "suspensão imediata" de todas as decisões tomadas já este ano pelo secretário de Estado nesse sentido.
Recorrendo à Constituição da República Portuguesa, a SPZC lembra que as decisões dos tribunais administrativos são obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre quaisquer autoridades administrativas.
"Assim sendo, entende o SPZCentro que quaisquer actos ou decisões das escolas sobre os instrumentos de registo de avaliação e desempenho (...) são completamente nulos e fazendo incorrer os seus autores em responsabilidade civil, criminal e disciplinar".
A posição deste sindicato surge também na sequência das reuniões realizadas sexta-feira entre o Secretário de Estado adjunto da Educação e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e Federação Nacional de Educação (FNE).
No encontro foi proposto que o processo de avaliação fosse aplicado apenas aos 7.000 docentes contratados e docentes dos quadros em condições de progredir de escalão, sendo suspenso em relação aos restantes 136 mil.
A proposta foi recusada pelas duas estruturas sindicais, tendo a Fenprof ameaçado mesmo recorrer aos tribunais por considerar ilegal o regime simplificado de avaliação de desempenho que o Ministério acordou esta semana com o Conselho de Escolas.
SIM/JPB.
Lusa/FIM

quinta-feira, 13 de março de 2008

À atenção dos presidentes dos CE e dos coordenadores de DT

Alguns colegas fizeram-nos chegar por correio electrónico um texto sobre uma situação importante, que já tem sido também referida em alguns blogues dedicados à educação.
Vou pedir a alguns colegas e amigos, professores de Direito Constitucional e Direito Administrativo na Fac. de Direito da Univ. de Coimbra que se pronunciem sobre a questão. Mal tenha resposta, logo vos transmitirei o que me disseram.

Aqui vai, então, o texto:

Chamo a atenção dos colegas e particularmente dos presidentes dos CE e dos coordenadores de DT para uma situação que interfere legalmente com as avaliações de alunos e poderá legitimar os professores a que se recusem a avaliar os alunos por essa avaliação infringir o princípio da imparcialidade (Artº 6º do CPA) porque os resultados práticos desta condiciona a avaliação dos professores.

Efectivamente, além de todos os argumentos que têm sido aduzidos na discussão relativa a este processo de avaliação de professores, há uma questão de que ainda ninguém se lembrou: a questão da legalidade e da (in)constitucionalidade relativamente à avaliação de alunos ser um indicador na avaliação do professor..

Ora, o processo é ilegal porque é susceptível de violar o Princípio da Imparcialidade previsto no artigo 6.º do Código de Procedimento Administrativo (CPA) e no n.º 2 do artigo 266.º da Constituição da República Portuguesa. A questão da Imparcialidade tem consequências directas no regime de impedimentos que consta nos artigos 44.º e seguintes do CPA. Por sua vez, o artigo 51.º (CPA) estabelece no n.º 2 que 'a omissão do dever de comunicação (…), constitui falta grave para efeitos disciplinares'.

Assim, a lei obriga a que os professores se declarem impedidos de participar nos próximos Conselhos de Turma de avaliação uma vez que vão decidir sobre matéria (avaliação dos alunos) relativamente à qual têm interesse.

Naturalmente que não se pretende 'boicotar' o momento de avaliação que se aproxima. Penso apenas que é importante e necessário que os professores suscitem esta questão junto dos coordenadores de DT e dos presidentes de CE para, inclusivamente, obrigarem a tutela a decidir sobre o assunto.


Documentos citados:

CPA
Artigo 6º
Princípios da justiça e da imparcialidade
No exercício da sua actividade, a Administração Pública deve tratar de forma justa e imparcial todos os que com ela entrem em relação.

Artigo 44º
Casos de impedimento
Nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração Pública nos seguintes casos:
a) Quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios de outra pessoa;
b) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum;
c) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, tenha interesse em questão semelhante à que deva ser decidida, ou quando tal situação se verifique em relação a pessoa abrangida pala alínea anterior;
d) Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário ou haja dado parecer sobre questão a resolver;
e) Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário o seu cônjuge, parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum;
f) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha recta esteja intentada acção judicial proposta por interessado ou respectivo cônjuge;
g) Quando se trate de recurso de decisão proferida por si, ou com a sua intervenção, ou proferida por qualquer das pessoas referidas na alínea b) ou com intervenção destas.
2 - Excluem-se do disposto no número anterior as intervenções que se traduzam em actos de mero expediente, designadamente actos certificativos.
Artigo 45º
Arguição e declaração do impedimento
1 - Quando se verifique causa de impedimento em relação a qualquer titular de órgão ou agente administrativo, deve o mesmo comunicar desde logo o facto ao respectivo superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial dirigente, consoante os casos.
2 - Até ser proferida a decisão definitiva ou praticado o acto, qualquer interessado pode requerer a declaração do impedimento, especificando as circunstâncias de facto que constituam a sua causa.
3 - Compete ao superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial conhecer a existência do impedimento e declará-lo, ouvindo, se considerar necessário, o titular do órgão ou agente.
4 - Tratando-se do impedimento do presidente do órgão colegial, a decisão do incidente compete ao próprio órgão, sem intervenção do presidente.
Artigo 46º
Efeitos da arguição do impedimento
1 - O titular do órgão ou agente deve suspender a sua actividade no procedimento logo que faça a comunicação a que se refere o n.º 1 do artigo anterior ou tenha conhecimento do requerimento a que se refere o n.º 2 domesmo preceito, até à decisão do incidente, salvo ordem em contrário do respectivo superior hierárquico.
2 - Os impedidos nos termos do artigo 44º deverão tomar todas as medidas que forem inadiáveis em caso de urgência ou de perigo, as quais deverão ser ratificadas pela entidade que os substituir.
Artigo 47º
Efeitos da declaração do impedimento
1 - Declarado o impedimento do titular do órgão ou agente, será o mesmo imediatamente substituído no procedimento pelo respectivo substituto legal, salvo se o superior hierárquico daquele resolver avocar a questão.
2 - Tratando-se de órgão colegial, se não houver ou não puder ser designado substituto, funcionará o órgão sem o membro impedido.
Artigo 48º
Fundamento da escusa e suspeição
1 - O titular de órgão ou agente deve pedir dispensa de intervir no procedimento quando ocorra circunstância pela qual possa razoavelmente suspeitar-se da sua isenção ou da rectidão da sua conduta e, designadamente:
a) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse parente ou afim em linha recta ou até ao 3º grau de linha colateral, ou tutelado ou curatelado dele ou do seu cônjuge;
b) Quando o titular do órgão ou agente ou o seu cônjuge, ou algum parente ou afim na linha recta, for credor ou devedor de pessoa singular ou colectiva com interesse directo no procedimento, acto ou contrato;
c) Quando tenha havido lugar ao recebimento de dádivas, antes ou depois de instaurado o procedimento, pelo titular do órgão ou agente, seu cônjuge, parente ou afim na linha recta;
d) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o titular do órgão ou agente ou o seu cônjuge e a pessoa com interesse directo no procedimento, acto ou contrato.
2 - Com fundamento semelhante e até ser proferida decisão definitiva, pode qualquer interessado opor suspeição a titulares de órgãos ou agentes que intervenham no procedimento, acto ou contrato.
Artigo 49º
Formulação do pedido
1 - Nos casos previstos no artigo anterior, o pedido deve ser dirigido à entidade competente para dele conhecer, indicando com precisão os factos que o justifiquem.
2 - O pedido do titular do órgão ou agente só será formulado por escrito quando assim for determinado pela entidade a quem for dirigido.
3 - Quando o pedido for formulado por interessados no procedimento, acto ou contrato, será sempre ouvido o titular do órgão ou agente visado.
Artigo 50º
Decisão sobre a escusa ou suspeição
1 - A competência para decidir da escusa ou suspeição defere-se nos termos referidos nos n.ºs 3 e 4 do artigo 45º.
2 - A decisão será proferida no prazo de oito dias.
3 - Reconhecida procedência ao pedido, observar-se-á o disposto nos artigos 46º e 47º.
Artigo 51º
Sanção
1 - Os actos ou contratos em que tiverem intervindo titulares de órgão ou agentes impedidos são anuláveis nos termos gerais.
2 - A omissão do dever de comunicação a que alude o artigo 45º, n.º 1, constitui falta grave para efeitos disciplinares.


Constituição da RP
Artigo 266.º
(Princípios fundamentais)
1. A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
2. Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem actuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Concentração no dia 8 de Março

Para nos podermos reencontrar, aqueles que estiverem presentes na manifestação procurem reunir-se nesta zona do Marquês por volta das 14.30 horas.
Cliquem no sinal + para verem ao pormenor a zona ou cliquem em "Ver mapa maior", logo por baixo do mapa.

Ver mapa maior

Desabafo...

Trata-se de um PROFESSOR que não se identificou, nos comentários do BLOGUE "Movimento dos Professores Revoltados", mas que consegue através deste desabafo transmitir tudo o que fez pela escola, alunos, ensino e educação.
É um texto que vem da alma e que muitos professores deste país se podem identificar, apesar de não o mostrarem publicamente. Pode por isso ser representativo de muitos pensamentos.


Anónimo disse...
Labor Omnia vincit improbus
Currriculum vitae gratuito de um Professor em Tempos Livres


Com todo o tempo livre, dei liberdade a um percurso profissional, que escolhi por livre vontade, enquanto professor, a saber, profissional da Educação, um labor intelectual dedicado ao ensino-aprendizagem. Foi assim, que durante 20 anos de trabalho não lectivo vaguei por ai à procura de mim mesmo enquanto profissional, muitas vezes ausente da escola, mas sempre ao serviço (tal como me ensinou João de Deus: “à procura de me tornar cada vez melhor Professor”). Fiz o que me pareceu essencial, para me valorizar enquanto pessoa e enquanto profissional. Por isso registo, com mágoa e algum arrependimento (uma vez que não foi reconhecido) todo o tempo que estive ausente da Escola e/ou em tempo não lectivo a desenvolver as seguintes actividades:

(Curriculum Laboral Gratuito)


- Nos tempos livres, realizei reuniões com Pais e Encarregados de Educação, depois das aulas, em tempos que possibilitassem a presença dos Pais, normalmente depois das minhas aulas e em Horários compatíveis com os Horários laborais dos Pais;
- Nos tempos livres, organizei mil e uma Visitas de Estudo, assumindo a responsabilidade pelos filhos de muitos Encarregados de Educação, mesmo sabendo que corria riscos, mesmo muitas vezes adiantando dinheiro a “fundo perdido” para que muitos visitassem Lisboa pela primeira vez, assistissem como espectadores estreantes a peças de Teatro, à Assembleia da República, a Filmes, a Reuniões/Encontros com outros alunos de outras Escolas e a outros e outros lugares que a minha memória já não consegue alcançar;
- Nos tempos livres, inaugurei em conjunto com outros colegas um Clube de Cinema e Vídeo, que à custa de muitos telefonemas e de muitas viagens aqui e ali para angariar fundos, se concretizou com a conquista de um Equipamento de projecção caríssimo, que ficou ao serviço da Escola e dos alunos. Recordo-me de ter vagueado por ai à procura de apoios, junto das Empresas, das Autarquias, muitas das vezes a ouvir: “não”, “não pode ser”, “não é possível”;
- Nos tempos livres, criei um Clube de Filosofia, iniciei o Projecto de Clube da Rádio e fiz parte do Jornal da Escola;- Nos tempos livres e durante 10 anos organizei, em conjunto com outros colegas intercâmbios com Escolas e Associações de Jovens de mais de cerca de 8 Países da União Europeia, entre eles, a Grécia, a Inglaterra, a França, a Holanda a Hungria, a Suécia, Alemanha, Espanha e Itália. Tudo isto planeado e concretizado em tempos livres, digo, em tempos não lectivos e à minha custa, digo, à custa do meu tempo e de algum do meu dinheiro;
- Nos tempos livres, criei uma Unidade de Apoio (UNIVA) para consulta e aconselhamento Escolar e Profissional, o que foi feito nos meus tempos de Professor livre, sem obrigatoriedade de permanência na escola, muito à custa do meu dinheiro de viatura própria, sempre que se tratou de formalizar todo o Processo;
- Nos tempos livres, fiz a Formação Contínua desejada, mesmo para além das necessidades estipuladas pelos Créditos obrigatórios. Apostei em mim e na Escola, mesmo que para isso, me visse obrigado a deslocar-me longe, muitas vezes sem almoço nem jantar e mesmo quando a família reclamava gastos pessoais e financeiros incomportáveis. Tudo isto em tempo após as aulas, em deslocações sem ajudas de custo, sem ajudas de Fato e nem sequer tolerância de horário;
- Ainda consegui gastar 3 anos da minha vida num Curso de Mestrado em Ciências da Educação, que julguei fundamental para o meu desenvolvimento profissional;
- Enquanto Orientador de Estágio, durante 10 anos, coordenei com muitos dos meus colegas, muitas e muitas actividades de âmbito Educativo, interdisciplinar e cultural, que tinha por destinatários os alunos, os pais e a comunidade educativa em geral. Recordo-me do Fórum Estudante; da Filosofia para os Pais, Estética e Actividade Artística, Formação em Avaliação, em Informática, Metodologia de Projecto, Filosofia para crianças, etc, etc. Recordo-me de umas “férias lectivas” de Carnaval passadas na Escola, a passar cabo, a arrumar mesas, a decorar a sala, a providenciar o som... tudo isso a preparar uma Actividade para os alunos e para os Pais. Também deu muito prazer participar na Abertura da Escola ao Domingo (em muitos Domingos, ao longo destes anos), para a apresentação de Trabalhos, Actividades e Projectos; tudo isto, para que a Comunidade Educativa pudesse estar presente a partilhar a vivência da Escola;
- Nos tempos livres, trouxe para a Escola um Curso de Filosofia Para/Com Crianças, inspirado em Lipman e fundei um Clube único em todo o País, em que se aplicavam (e aplicam) técnicas que propiciam aprendizagens nas áreas da Lógica, da Argumentação e da Educação Moral ou Cívica dos Jovens, para níveis de 7º, 8º e 9º Anos de escolaridade;
- Nos tempos livres integrei um Grupo de Estudos sobre Ética e Deontologia Profissional da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, do qual ainda faço e continuarei a fazer parte se o tempo e a motivação me permitirem;
- Nos tempos livres fui Formador de Professores, partilhando com outros o que aprendi. Organizei Cursos de Formação, assisti a muitos outros, muitas vezes com espírito de missão e de sacrifício;
- Nos tempos livres integrei um grupo de carolas que elaborou os Projectos Educativos da Escola, à custa da disponibilidade e da motivação de cada um, à noite, aos Sábados e Domingos;
- Nos tempos livres, planifiquei, reformulei, corrigi testes, fiz montagens, preparei e reflecti avaliações, mesmo que isso tivesse que ser feito ao Sábado, ao Domingo ou num Feriado; mesmo que isso provocasse protestos e más disposições da Família.
- Nos tempos livres, mesmo em horas de sair da Escola permaneci mais tempo para um apoio a um aluno com uma dúvida ou problema pessoal. Como todos os meus colegas, preenchi lacunas sociais e de âmbito familiar, sempre que foi necessária uma palavra amiga, um conselho, uma sugestão ou um grito de solidariedade. Foi com outros professores, o Psicólogo, o Sociólogo, o Amigo e até o Pai suplente, quando o efectivo estava ausente ou indiferente;
- Nos tempos livres fui uma voz contra a discriminação, contra o racismo, a indiferença, sempre que acolhi as diferenças que fora da Escola são alvo de separatismos e de incompreensão;
- Nos tempos livres reflecti sobre esta difícil arte de me adaptar ano após ano aos novos alunos, às mudanças legislativas, às mudanças sociais e políticas, às mudanças científicas constantes, às desigualdades que se reflectem no dia a dia dos nossos alunos, às criticas cruzadas dos pais, dos colegas, dos alunos, da sociedade que tudo espera de nós (enfim, um “fogo cruzado”, com razão de ser, mas deveras doloroso), por não conseguir estar em todo o lado, nem dominar todas as áreas. Na verdade não há profissão a quem se peça tanta actualização, tanta capacidade de adaptação e mesmo de tanta coragem para enfrentar tamanha diversidade.
Ainda hoje, a um Sábado à noite, me disponho (nos meus tempos livres) a escrever as minhas mágoas, a pensar o que teria feito por mim e pelos meus, senão tivesse perdido tanto do meu tempo livre, que dediquei à Escola e aos meus alunos.
Ainda hoje me admiro como é que ainda consigo gostar desta profissão, mesmo contra a “maré da opinião pública” (alguma opinião pública), que considera a classe docente como funcionários incompetentes, preguiçosos e até desnecessários.
É curioso que todos, mesmo os que nunca estiveram à frente de uma Turma de jovens alunos, têm soluções para a crise do Ensino e receitas categóricas para a indisciplina, para o abandono escolar, apara a desmotivação e o crescente desprestígio da Escola para as sociedades modernas.
Esquecem que hoje em dia tudo se pede à escola e aos professores, mesmo em assuntos e problemas que dizem respeito a outros intervenientes sociais. É pena que não vejam que a crise não está na Escola, mas fora da Escola, numa sociedade que perdeu referências axiológicas, porque o sucesso pessoal já não é sinónimo de formação, nem de instrução.
Têm sido 20 anos de grande dedicação, de entusiasmo e até mesmo de grande prazer. Mas também foi com muita “luta” e algumas frustrações que fiz este caminho, que não é só meu, pois nele estão muitos colegas, trabalho interdisciplinar e muitas e muitas horas. Mas, como sempre permaneceu a máxima: “ com trabalho se vencem todas as dificuldades”. E por isso dei o máximo, mesmo que seja considerado insuficiente. E por isso fiz da minha casa um Gabinete de Trabalho e do meu automóvel uma Biblioteca Ambulante e uma Viatura de Serviço. Também foi por isso que comprei todo o material didáctico, desde canetas de várias cores, correctores, folhas, cadernos, CD Rom’s, Dvd’s, Cassetes Vídeo, Disquettes, Acetatos, Livros indispensáveis à minha Formação e actualização, uma Caneta UBS e um dia destes um Computador Portátil para poder trabalhar na Escola. Foi muito trabalho e talvez pouco, se tivermos em conta as necessidades dos nossos alunos. Tudo isto e muito mais com uma assiduidade de 100% em tempos Lectivos e com uma motivação de 200%. Agora, nos meus tempos de reclusão, fico limitado a um espaço exíguo, que não me deixa ver o mundo nem me deixa fazer mais pela Escola nem por mim próprio. Fica por fazer, o que, se não é essencial, é pelo menos, manifestamente importante, a saber, a descoberta, a actualização e a aposta em actividades que tornem a escola num local vivo onde se realizam efectivas aprendizagens. E se o Professor é por excelência um transmissor/emissor de Cultura, essa função passa a ficar lá fora, inacessível, delimitada por um Horário fixado pelas horas e tempos estipulados para a função pública e ao ritmo da Componente Não Lectiva e das actividades/aulas de substituição. E em troca destes anos de dedicação recebi um “prémio”: o congelamento da Carreira, talvez (digo eu, não sei) como incentivo, como quem diz: “vá lá esforça-te mais, pode ser que mereças progredir na Carreira, porque a progressão não é para todos, mas apenas para quem tem mérito”.