quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Medina Carreira arrasa toda a política económica e fiscal de Sócrates

Hoje, Sócrates começou já a justificar o fracasso das suas políticas com a crise internacional. Há cerca de duas semanas, na SIC Notícias, Medina Carreira, fiscalista e antigo Ministro das Finanças, desmacara e arrasa Sócrates.
Eis algumas das declarações bombásticas, que, curiosamente, nunca foram desmentidas pelo governo:
«Em 2009 estaremos pior do que em 2005».
«Portugal tem a carga fiscal insustentável de 38% do PIB, que é igual à da Alemanha, superior à da Grã-Bretanha e à da Espanha».
«Não tentem embebedar as pessoas com a conversa da maldita crise internacional, porque quando a crise passar lá fora, passa cá dentro, mas quando passar cá, nós ficamos pobrezinhos como estamos, em decadência permanente»
«As receitas do turismo, que são as grandes receitas do País, não dão para pagar os juros do que devemos ao exterior.[...] Nos últimos três anos, Portugal tem um endividamento diário de 48 milhões de euros. Por hora, Portugal endivida-se em 2 milhões de Euros
«A nossa dívida externa era, em 2007, de 440 mil milhões de euros: são cerca de 250% do PIB. Devemos 2,5 vezes o que produzimos durante um ano! Agora já deve ir em mais de 500.000.000.000 de euros. Essa é a dívida externa. Os nossos filhos é que irão pagar esta dívida».
«Eu tenho dúvidas sobre tudo, porque nós vivemos da notícia; não vivemos da realidade. Por onde o PM vá, há espectáculos montados. Não acredito em nada e os Portugueses têm razões para não acreditar: há muitas coisas que foram anunciadas e não são feitas».
«Este governo chegou ao poder para não aumentar os impostos e 15 dias depois fez galopar os impostos. Nada é para levar a sério».
«Quanto aos apoios anunciados, esta ideia de que se põe o dinheiro a circular e faz enriquecer o país é uma verdadeira patetice».
«Os partidos políticos não cumprem as leis que eles próprios criam, prometem o que sabem que não cumprirão, sugerem modelos de desenvolvimento sem qualquer fundamento sério, criticam na oposição o que fazem no Governo e desculpam-se neste do desconhecimento daquilo que é indesculpável não conhecer.»
«Quem vier na próxima legislatura vai encontrar um país pior, porque esta legislatura não consertou nada».

Além disso fala da educação, da escola inclusiva, etc.
«Como os alunos não precisam de fazer exame, não precisam de estudar. Se, diante dos alunos, estivessem só professores catedráticos, os alunos aprenderiam exactamente a mesma coisa».
«Sou anti-Magalhães, que é uma fantochada».
«O grande professor não está para aturar aquilo».
«Não levo a sério os exames que este Ministério faz. Devem ser elaborados por entidades independentes, externas ao Ministério».
Vejam o que ele diz, depois, da (in)disciplina na escola e do que ele próprio já teve ocasião de dizer à Ministra. 5 dias antes do Mário Soares falar no assunto, já Medina Carreira alertou para os perigos de as nossas condições serem idênticas às dos Gregos e de os mesmos desacatos se poderem repetir aqui em Portugal.
«Os Portugueses estão a acumular irritações».

Não percam a entrevista na íntegra em
http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId=%7BFAC8D8E5-0EDB-45B5-BB20-8F332BE338DC%7D

Santo Natal

Votos de um Santo Natal para todos vós e vossos familiares!

Valter Lemos despido por Filomena Mónica

Valter Lemos nunca participou em debates parlamentares, nunca demonstrou possuir uma ideia sobre Educação. A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, tem aparecido na televisão e até no Parlamento, o mesmo não sucedendo ao seu secretário de Estado, Valter Lemos. É pena, porque este senhor detém competências que lhe conferem um enorme poder sobre o ensino básico e secundário. Intrigada com a personagem, decidi proceder a uma investigação. Eis os resultados a que cheguei. Natural de Penamacor, Valter Lemos tem 51 anos, é casado e possui uma licenciatura em Biologia: até aqui nada a apontar. Os problemas surgem com o curriculum vitae subsequente. Suponho que ao abrigo do acordo que levou vários portugueses a especializarem-se em Ciências da Educação nos EUA, obteve o grau de mestre em Educação pela Boston University. A instituição não tem o prestígio da vizinha Harvard, mas adiante. O facto é ter Valter Lemos regressado com um diploma na "ciência" que, por esse mundo fora, tem liquidado as escolas. Foi professor do ensino secundário até se aperceber não ser a sala de aula o seu habitat natural, pelo que passou a formador de formadores, consultor de "projectos e missões do Ministério da Educação" e, entre 1985 e 1990, a professor adjunto da Escola Superior do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Em meados da década de 1990, a sua carreira disparou: hoje, ostenta o pomposo título de professor-coordenador, o que, não sendo doutorado, faz pensar que a elevação académica foi política ou administrativamente motivada; depois de eleito presidente do conselho científico da escola onde leccionava, em 1996 seria nomeado seu presidente, cargo que exerceu até 2005, data em que entrou para o Governo. Estava eu sossegadamente a ler o Despacho ministerial nº 11 529/2005, no Diário da República, quando notei uma curiosidade. Ao delegar poderes em Valter Lemos, o texto legal trata-o por " doutor", título que só pode ser atribuído a quem concluiu um doutoramento, coisa que não aparece mencionada no seu curriculum.Estranhei, como estranhei que a presidência de um politécnico pudesse ser ocupada por um não doutorado, mas não reputo estes factos importantes. Aquando da polémica sobre o título de engenheiro atribuído a José Sócrates, defendi que os títulos académicos nada diziam sobre a competência política: o que importa é saber se mentiram ou não. Deixemos isto de lado, a fim de analisar a carreira política do sr. secretário de Estado. Em 2002 e 2005, foi eleito deputado à Assembleia da República, como independente, nas listas do Partido Socialista. Nunca lá pôs os pés, uma vez que a função de direcção de um politécnico é incompatível com a de representante da nação. A sua vida política limita-se, por conseguinte, à presidência de uma assembleia municipal (a de Castelo Branco) e à passagem, ao que parece tumultuosa, pela Câmara de Penamacor, onde terá sofrido o vexame de quase ter perdido o mandato de vereador por excesso de faltas injustificadas, o que só não aconteceu por o assunto ter sido resolvido pela promulgação de uma nova lei .Em resumo, Valter Lemos nunca participou em debates parlamentares, nunca demonstrou possuir uma ideia sobre Educação, nunca fez um discurso digno de nota.Chegada aqui, deparei-me com uma problema: como saber o que pensa do mundo este senhor? Depois de buscas por caves e esconsos, descobri um livro seu, O Critério do Sucesso: Técnicas de Avaliação da Aprendizagem . Publicado em 1986, teve seis edições, o que pressupõe ter sido o mesmo aconselhado como leitura em vários cursos de Ciências da Educação. Logo na primeira página, notei que S. Excia era um lírico. Eis a epígrafe escolhida: "Quem mais conhece melhor ama." Afirmava seguidamente que, após a sua experiência como formador de professores, descobrira que estes não davam a devida importância ao rigor na "medição" da aprendizagem. Daí que tivesse decidido determinar a forma correcta como o docente deveria julgar os estudantes. Qualquer regra de bom senso é abandonada, a fim de dar lugar a normas pseudocientíficas, expressas num quadrado encimado por termos como "skill cognitivos".Navegando na maré pedagógica que tem avassalado as escolas, apresenta depois várias "grelhas de análise". Entre outras coisas, o docente teria de analisar se o aluno "interrompe o professor", se "não cumpre as tarefas em grupo" e se "ajuda os colegas". Apenas para dar um gostinho da sua linguagem, eis o que diz no subcapítulo "Diferencialidade": "Após a aplicação do teste e da sua correcção deverá, sempre que possível, ser realizado um trabalho que designamos por análise de itens e que consiste em determinar o índice de discriminação, [sic para a vírgula] e o grau de dificuldade, bem como a análise dos erros e omissões dos alunos. Trata-se portanto, [sic de novo] de determinar as características de diferencialidade do teste." Na página seguinte, dá-nos a fórmula para o cálculo do tal "índice de dificuldade e o de discriminação de cada item". É ela a seguinte: Df= (M+P)/N em que Df significa grau de dificuldade, N o número total de alunos de ambos os grupos, M o número de alunos do grupo melhor que responderam erradamente e P o número de alunos do grupo pior que responderam erradamente. O mais interessante vem no final, quando o actual secretário de Estado lamenta a existência de professores que criticam os programas como sendo grandes demais ou desadequados ao nível etário dos alunos . Na sua opinião, "tais afirmações escondem muitas vezes, [sic mais uma vez] verdades aparentemente óbvias e outras vezes "desculpas de mau pagador", sendo difícil apoiá-las ou contradizê-las por não existir avaliação de programas em Portugal". Para ele, a experiência dos milhares de professores que, por esse país fora, têm de aplicar, com esforço sobre-humano, os programas que o ministério inventa não tem importância. Não contente com a desvalorização do trabalho dos docentes, S. Excia decide bater-lhes: "Em certas escolas, após o fim das actividades lectivas, ouvem-se, por vezes, os professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística. Isto é dito com ar de quem tem, contra a sua vontade, de ir desempenhar mais uma tarefa burocrática que nada lhe diz. Ora, tal trabalho, [sic de novo] não deve ser de modo nenhum somente um trabalho de estatística, mas sim um verdadeiro trabalho de investigação, usando a avaliação institucional e programática do ano findo." O sábio pedagógico-burocrático dixit. O que sobressai deste arrazoado é a convicção de que os professores deveriam ser meros autómatos destinados a aplicar regras. Com responsáveis destes à frente do Ministério da Educação, não admira que, em Portugal, a taxa de insucesso escolar seja a mais elevada da Europa. Valter Lemos reúne o pior de três mundos: o universo dos pedagogos que, provindo das chamadas "ciências exactas", não têm uma ideia do que sejam as humanidades, o mundototalitário criado pelas Ciências da Educação e a nomenklatura tecnocrática que rodeia o primeiro-ministro.

Maria Filomena Mónica

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

PSD acusa Governo de tentar legalizar avaliação de professores com norma inconstitucional no Orçamento

Artigo 138º do orçamento em causa

O PSD acusou hoje o Governo de tentar legalizar retroactivamente ilegalidades do processo de avaliação dos professores através de "uma norma escondida" e "inconstitucional" incluída na proposta de Orçamento do Estado para 2009.
Em conferência de imprensa, no Parlamento, o líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, apresentou uma proposta de "eliminação dessa norma" do Orçamento do Estado para 2009.

"Há uma norma escondida, é o artigo 138º do Orçamento, em que o Governo assume que toda a nomeação dos professores para a avaliação, todas as nomeações, as delegações de competências para avaliar professores ao longo de 2008 são ilegais", disse Paulo Rangel.

"Todo o processo de avaliação em que houve delegação de competências para avaliação é ilegal porque essas delegações não foram publicadas no Diário da República. Então o Governo inclui uma norma no Orçamento para legalizar retroactivamente todo o processo de avaliação dos professores", acrescentou.

De acordo com o líder parlamentar do PSD "esta proposta do Governo é ilegal e inconstitucional porque vai tirar garantias a quem quisesse impugnar alguma nomeação, alguma delegação", prejudicando os "professores que quisessem reagir".

"Todas as delegações de competência para avaliar professores deveriam ter sido publicadas no Diário da República e não foram. E agora é no Orçamento, numa norma que não tem título nem tem nada, vem dizer que afinal se considera que estão dispensadas de publicação todas as delegações? Isto não tem sentido nenhum", criticou.

Segundo Paulo Rangel, "isto revela mais uma vez que o processo de avaliação dos professores está completamente inquinado".

O líder parlamentar do PSD referiu que "nem todas as avaliações são feitas por professores titulares e tem de ser feita delegação de competências para saber quem é que avalia" e que "sempre que as escolas recorrem à delegação de competências esta deveria ser comunicada".

"Como se foram fazendo as avaliações sem fazer comunicação nenhuma das delegações, o Governo pretende agora retroactivamente dispensar dessa publicação todas as delegações feitas até agora. É uma norma inconstitucional e nós propomos a sua eliminação", reiterou Paulo Rangel.

Lusa

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Prós & Prós (menos Contras)

Para quem ainda tenha dúvidas sobre o Programa Prós e Prós da RTP, aqui fica um site muito recomendado (leiam também os comentários): Fliscorno: No reino das coincidências

Soneto à maneira de Camões

Aqui vos deixo um soneto que me foi enviado pela Paula.
Vá lá, meninos, aceitem os convites que vos enviamos, registem-se e participem também: insiram os vossos próprios "posts" ou contributos (Nota de A. Rebelo)

Tão mesquinha e tão vil, tu que pariste
As normas do estatuto do docente,
Não tens nada de humano, não és gente,
Nada mais que injustiças produziste.

Se lá nesse poleiro aonde subiste
O estado do ensino tens presente,
Repara como és incompetente,
Como a classe docente destruíste.

Se pensas que esta gente está domada,
Te aceita a ti, ao Valter e ao Pedreira,
Estás perfeitamente equivocada:

Em breve encontraremos a maneira
De vos correr p'ra longe à cacetada,
Limpando a educação de tanta asneira!