quinta-feira, 27 de março de 2008

Violência nas escolas: urge implementar medidas eficazes

A violência está implantada na escola, como o próprio PGR reconhece, mas os nossos governantes fecham os olhos. Maria de Lurdes Rodrigues minimiza a dimensão da violência nas escolas, como referiu o PGR em Novembro passado. Valter Lemos assobia para o lado minimizando os alertas do PGR e diz que a violência vem do exterior das escolas...
Estes são os resultados de três anos de uma política desastrosa de Educação, apostada na diabolização do professor, na destruição da autoridade do professor, no facilitismo que permite aos alunos fazerem o que quiserem na sala de aula ou faltar às próprias aulas sem que sejam penalizados nem reprovados. Os professores são duplamente penalizados se quiserem reagir, pois além de sofrerem a indisciplina e a falta de educação na própria sala de aula (para não falar da recusa da outra educação – o estudo – que, com este sistema de avaliação de professores, os vai penalizar ainda mais), são castigados com a enorme burocracia de relatórios e contra-medidas, etc. etc. obrigados a elaborar em casos deste género, pois nas escolas tem imperado cada vez mais o duplex, o triplex, o quadriplex, o quintuplex e por aí fora: ainda lá não chegou o simplex.
Mas os resultados mais graves irão aparecer daqui por quinze ou vinte anos quando estes jovens, que hoje frequentam as escolas, assumirem o destino do nosso país. Estes, que são o futuro de Portugal, não estando habituados à disciplina e a cumprir e a obedecer a regras também não saberão lidar com elas no seu futuro emprego. Que geração é esta que estamos a criar, habituada ao facilitismo e à indisciplina? É que a sociedade tem regras, algo que muitos destes meninos ainda não descobriram!
Os políticos, do Presidente da República aos deputados, e sobretudo os governos desta última década têm culpas em todo este processo.
A falta de apoio às famílias, designadamente o abono de família miserabilista que existe em Portugal, é responsável por esta situação. Numa família, ambos os cônjuges sentem-se obrigados a trabalhar para equilibrarem o orçamento familiar. O resultado é uma clara falta de acompanhamento dos filhos, que crescem na rua, sem educação, em contacto com a droga, a violência e a criminalidade. Noutros países europeus, os subsídios são tais que não compensa a que os dois pais trabalhem. Logo, um deles, pai ou mãe, fica em casa a cuidar dos filhos, acompanhando mais de perto o crescimento dos filhos, educando-os devidamente. Pode sair caro ao Estado, mas acaba por sair barato no que diz respeito a custos sociais: é um investimento no futuro da segurança, na promoção de relações familiares sãs, de uma boa convivência social. Era nisto que um partido que se diz socialista deveria apostar!
Voltando ao ensino, as turmas também são demasiado grandes. As consequências nefastas desta situação são múltiplas. Enuncio apenas duas: tornam-se mais difíceis de controlar, no que concerne à disciplina, e são mais difíceis de acompanhar, do ponto de vista pedagógico, pois o professor não tem oportunidade de dedicar a devida atenção a cada um dos alunos. Se as turmas tivessem metade dos alunos, não eram necessárias aulas de apoio. Por outro lado, resolvia-se o problema do desemprego de mão de obra qualificada existente e que tem sido dispensada em massa nestes últimos três anos.
Mas os apoios directos aos dois tipos de educação aqui preconizados – educação por parte dos pais e educação enquanto ensino por parte de professores – saem caros. Sai cara uma aposta efectiva e determinada no apoio às famílias. Sai cara uma aposta clara numa educação mais eficaz recorrendo a um ensino mais personalizado. Sim sai cara a educação, nos dois sentidos do termo, mas não era este o Primeiro Ministro que, em 2005, gostava de afirmar à boca cheia que “Os que dizem que a educação é cara não sabem o preço da ignorância” (vd. e. g. http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1229490&idCanal=12).
Pois bem, senhor Primeiro-Ministro, chegou a vez de o povo lhe dizer: “Se acha a educação cara, experimente a ignorância”. Se o governo está mesmo decidido a apostar na educação, apoie as famílias em condições e reduza o número de alunos por turma, de outra forma fica-se pela aposta na ignorância ou por todas aquelas afirmações, há 3 anos atrás não terem passado de mais um bluff, como muitos outros.
Quanto à violência nos recintos escolares, há duas medidas essenciais e urgentes, dado o estado avançado de indisciplina que se vive por todo o lado (basta ver os muitos vídeos publicados no Youtube, alguns dos quais começaram a ser retirados com receio de penalizações):

  • Coloquem nas salas de aula e nos recintos escolares câmaras de filmar, com intuitos exclusivamente disciplinares, começando pelas escolas mais problemáticas. E que essas filmagens sejam mostradas aos paizinhos (sobretudo aos que não acreditam que o seu filhinho se porte mal) e tenham consequências disciplinares severas nos casos mais graves. Não me venham com a história do Big Brother ou de ser um perigo para a democracia. Na Inglaterra, país de longas tradições democráticas, já começou a fazer isso e com bons resultados. Em França, país da liberdade, igualdade e fraternidade, já se instalaram câmaras em autocarros e metropolitanos com ligações directas às forças políciais. Há várias autarquias portuguesas que pensam em instalar câmaras de vigilância em espaços públicos. Por outro lado, os professores não devem recear que as câmaras possam ser utilizadas para controlar o seu trabalho, pois isso deveria ficar acautelado por lei. Sobretudo os de escolas problemáticas sentir-se-ão mais seguros e mais protegidos com a presença dessas câmaras e verão a sua autoridade reforçada. É como as câmaras colocadas nos carros de patrulha da polícia francesa, que podem ser utilizadas em tribunal: servem para segurança dos agentes e para confirmar a falsidade de acusações de abuso ou de violência policial com que a Gendarmerie se debatia.
  • Criem reformatórios, centro educativos, intituições correccionais ou como lhe queiram chamar para alunos problemáticos e coloquem-nos lá em regime de internato, com direito de visita aos fins de semana e férias. Se os pais não os sabem educar, que assuma o Estado essa educação, mas não nas habituais escolas públicas onde os professores não receberam formação nem têm qualificação especial para lidar com este tipo de delinquência. Talvez, então, aprendam a comportar-se em sociedade.

Sem comentários: